Uma quinta-feira. Poderia ser simples, como qualquer outro dia que já tenha vivido. Saí para rever alguns amigos. Durante o caminho, alguns bares e lojas, com aparelho de TV ligados tinham uma movimentação diferente. Não era dia de clássico no futebol, capítulo final de uma novela ou algum filme com desfecho impressionante.
O relógio marcava pouco mais de oito horas da noite. A movimentação ainda continuava e eu ainda não sabia o motivo. Chegando em casa, pouco mais de nove da noite, em uma rápida conversa com meus pais, entendi porque as pessoas estavam apreensivas diante das TV’s.
“Ficou sabendo do Michael Jackson?”, disse minha mãe. Logo respondi: não. No mesmo instante ela completa: “morreu”. Foi estranho ouvir isso. Por ser fã, admirador da história e dos feitos do astro. Quase não tive reação. O máximo que fiz foi dizer: morreu?
Por ser algo novo, que não era nada comum em minha rotina, comecei a procurar e acompanhar informações sobre o que havia acontecido. Muitas coisas foram ditas e ainda são. É bem provável que sejam ditas por vários anos. Assim também aconteceu com Elvis, Beatles, Janis Joplin, Jimi Hendrix etc. Todos com suas grandes e fantásticas histórias, lendas e impressionantes feitos.
O que acompanhamos foi um momento impactante. Até mesmo para os que não eram fãs de Michael Jackson. Morreu um dos artistas mais famosos do mundo. Independentemente de gosto musical, o cenário pop atual não seria nada sem as contribuições do cantor, compositor e extraordinário dançarino.
Homenagens, pessoas cantando e dançando nas ruas, velas e lágrimas. Esta cena se repetiu em todo o mundo. E não foi apenas uma morte. Foi o fim de uma Era, que dificilmente vai se repetir. A comoção por usa morte nos remete à outros momentos tristes do meio artístico. O que sentimos hoje, milhares e milhares de pessoas sentiram com a morte de Elvis. Com o assassinato de John Lennon.
Não quero falar de polêmicas, do sensasionalismo feito em torna da vida pessoal do cantor ou do seu estilo de vida. Quero falar de suas contribuições, seu carisma, sua paixão pelo que fazia e como fazia bem.
O primeiro álbum de Michael que ouvi foi Bad, de 1987. Porém, somente em 1990 que prestei mais atenção às músicas, à sonoridade. Eu ainda era bem novo no ano do lançamento. Tinha apenas 4 anos. Além disso, os discos, ainda com formato predominantemente em vinil, não chegavam tão rapidamente às lojas.
Logo depois comecei a ouvir outros discos, como Off The Wall, primeiro disco da carreira solo após o Jackson Five. Ganhei o Destiny, de 1978, ainda com os irmãos. Depois ouvi o Dangerous, de 1991. Um álbum duplo, com uma capa linda e repleta de significados. Neste mesmo ano, a MTV era recém-chegada ao Brasil e milhares de pessoas, inclusive eu, puderam ver as incríveis produções de Michael ganharem imagens.
Antes, os clips musicais eram transmitidos apenas em programas de variedades, como o Fantástico, por exemplo. Logo após, eram lançados em fitas de video, bem como as turnês ou compilados.
Atualmente, qualquer um ganha o status de “artista”. Cinco minutos na frente de uma câmera de TV e pronto. Michael Jackson sabia bem o que essa palavra significava. Ele sim, era um verdadeiro artista. Fazia de tudo. Compunha, produzia, coreografava. Sabia definir qual a posição de cada um no palco e, especialmente, sua posição.
Nos spots de luz, ele hipnotizava. O palco era sua casa. Se sentia mais confiante no palco, encarando milhares de pessoas, do que dando uma entrevista para apenas uma. Mesmo quando ajudava pessoas a lutarem contra a miséria, como foi com a campanha USA For Africa.
Mesmo quem não gostava do som feito por Michael, poderia perceber claramente suas mensagens nas letras de cada canção e conhecer outro dom que ele possuía: a composição. Músicas como Another Part of Me, Man in The Mirror, entre várias outras, trazem um sentimento que raros artistas conseguiram passar.
Mas, infelizmente, algumas pessoas e grande parte da mídia preferiram ofuscar esse brilho. Muitos dos que hoje prestam homenagem ao cantor, já exploraram e lucraram com acusações não fundamentadas sobre sua vida.
O palco foi o berço e a vida de Michael Jackson. Agora é seu local de descanso. Seu sucesso agora será maior do que nunca. Definitivamente, isso não seria possível se ele não contribuísse tanto para a música como fez. Não sei porque ele se foi, mas sei porque veio, assim como todo o mundo também sabe.