Quando as opções começam a se desgastar e se perdem no labirinto da razão, começam também as dúvidas. Realmente perdi meu sono, envolto em minhas memórias tristes e embebidas nas recentes alegrias. Assim, entendo que para escrever algo do fundo do coração basta perder o sono e aceitar seus pensamentos, assim como aceita seus sentimentos, os melhores ou piores, certos ou errados.
Aceito, agora, que poderia ter aproveitado melhor aqueles olhos, muito mais aqueles lábios, enquadrados pelo sorriso. Enquanto isso, por algum motivo, continuo esperando próximo à porta, sempre observando, aguardando uma oportunidade de alcançar aquilo que desejo, como uma criança pedindo doce.
Algumas poucas horas vão se passando como uma eternidade. Procuro descansar, enquanto a chuva continua caindo lá fora. Alguns dizem preguiça, outros dizem cansaço e outros insistem na paixão, mas alguma coisa me faz permanecer deitado, indefinidamente.
Esta noite foi feita de raios, trovões, ventos e um frio tentador, correndo por entre minhas janelas e balançando minhas cortinas. A chuva parou, mas ainda continua o cheiro da terra molhada.
Acordei ouvindo seus passos. Antes mesmo de ouvir sua voz, que me pedia pra ficar, sabia que queria ouvir você mais uma vez, de novo e sempre. Isso me lembra das conquistas que tive e como acho incrível minha sorte em cada momento. Mas é certo de que, em alguns momentos, nem toda sorte me cerca. Alguns momentos são de estranheza, daqueles de fechar os olhos e se imaginar em outro lugar, em outro momento, com outras esperanças.
Voltando às boas lembranças, muitas coisas me fazem mudar na esperança de que cada parte de mim se torne melhor. Posso ter me enganado por várias vezes, mas sei que saí limpo. E por esse caminho tão tortuoso não é fácil encontrar alguma razão para se sentir surpreendido, mas sempre tem aquele motivo para ser ainda mais do que se imagina.