Sunday, August 27, 2006

A Doce Via Láctea




Ela veio em um momento de silêncio. Com um sorriso que quebrou o tempo da solidão. Um grande tempo. Parecia uma colher cheia de estrelas a qual ele poderia alcançar. Até então, de mãos vazias, sem chão onde pisar. Antes o vento não batia em seu rosto. No primeiro toque deste vento, sentiu um perfume que ele guardaria pela vida inteira.
Havia a lua que ainda pedia pela sua permanência. Mas seria o tempo necessário para que alguns dos anjos que a cercavam a levassem voando através das grandes nuvens que cobriam o céu daquela noite. O tempo daqueles dois estava chegando. Não havia o medo da morte. Nem o medo da separação. Com uma voz suave, quase sussurrando, ele disse:
_Estou cantando por seu amor.
Ela responde:
_Estou chorando pelo tempo que se passa. Pelo clique do tempo.
Ele:
_É como esperar no fogo.
Ela então, docemente em meus braços, pensava na luz de seus pensamentos. Era como o vinho que lhe molhava os lábios. Suave como sua pele. Doce como seu beijo que ainda sinto em minha boca. Seu perfume tomava conta do quarto. O desejo mais sensível. Assim como aquela noite e naquele céu que se tornava mais fechado. Tudo aquilo era a mesma razão que vivia em seus sonhos. E no pecado do desejo o pior seria renunciar tudo aquilo. De repente, a chuva.
Ele:
_Vamos tomar mais um pouco de vinho. Talvez, amanhã, se tudo for diferente, vamos embora. Meu amor, começou a chuva. Acredito que o tempo está chegando. E isso me faz lembrar do que devemos deixar de lado. Para trás. Lá onde o tempo nunca vai acabar.
Ela:
_É como esperar no fogo, meu amor.

1 comment:

Anonymous said...

lindo....
maravilhoso!

... uma gota.. da chuva... pra vc!
um sorriso, sincero, seu!
uma olhar.. eterno, pra vc!
um lugar, um dia, momentos... sonhos...

mil estrelas... doses de bons fluidos, felicidade, sombra, sol... nuvens...

amores, ilusões...
verdades, certezas...
coração, calor...
cálice.. do melhor dos vinhos... pra vc!

solitárias brisas te façam lembrar de uma eternidade finita, que trás uma lembrança infinita!

sempre!